Associação do Porto cria guia para mudar interação com pessoas com deficiência
A Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC) desenvolveu um guia, denominado “Eliminar barreiras, mudar atitudes”, que pretende ensinar aos cidadãos a forma mais correta de lidar com a pessoa com deficiência, disse esta quarta-feira à Lusa a coordenadora.
Resultado da “perceção no terreno das dificuldades encontradas pelas pessoas com paralisia cerebral no atendimento em lojas e estabelecimentos públicos”, segundo Ana Filipa Santos, o projeto é cofinanciado pelo Programa de Financiamento a Projetos do Instituto Nacional de Reabilitação.
Composto por informação escrita, visual e auditiva, divulga procedimentos a adotar, dá a conhecer legislação pertinente, fontes de informação e outros documentos de consulta eventualmente relevante.
Dividindo o aconselhamento em duas grandes áreas, o atendimento e a mobilidade da pessoa com deficiência, o guia dá conselhos úteis e alerta para situações problemáticas, pois, segundo a coordenadora, “o público continua a não conhecer a forma mais correta para se dirigir à pessoa com deficiência”.
Exemplo disso é a forma clássica de aproximação a uma dessas pessoas com o sentido de a ajudar, por vezes não o fazendo da forma mais correta, ou seja, devemos sempre perguntar se quer ajuda e como o podemos fazer. É que ao fazê-lo mal, pode provocar a queda à pessoa com paralisia cerebral”, disse.
Nos diversos conselhos vertidos na publicação, assinala-se o dever “falar sempre diretamente para a pessoa com deficiência — em vez de se dirigir ao seu acompanhante, como se ela não estivesse presente” ou, quando na presença de alguém numa cadeira de rodas, a importância de “pegar numa cadeira e sentar-se ao seu nível“, sendo que, se tal não for possível, deve manter-se “uma certa distância para que consiga manter contacto ocular, sem causar um esforço acrescido”.
Ênfase também para o pormenor que passa despercebido: “quando sentir dificuldade em perceber o que alguém lhe está a dizer (devido a alterações de articulação das palavras), peça para repetir e vá dizendo o que está a perceber para evitar mal-entendidos e dar motivação à pessoa para continuar” ou para o tipo de linguagem: “não infantilize a pessoa por ter deficiência intelectual utilizando diminutivos. Fale com ela de forma clara, usando frases curtas e palavras simples”.
No capítulo da mobilidade, para além de relembrar que não se deve estacionar em cima dos passeios, nem no lugar reservado a pessoas com deficiência, o guia pede que se “mantenham as rampas e as portas adaptadas destrancadas e desbloqueadas”, assinalando que, tal como o cidadão comum, “as pessoas com deficiência também gostam da sua independência”.
